Tive Câncer Ginecológico, posso fazer reposição hormonal?

Por: Cintia Batista em 02/03/2024 Ginecologia Oncológica

Se você teve câncer em idade jovem e o tratamento precipitou uma menopausa ou climatério precoce, saiba que a Reposição pode ser uma alternativa segura para você

Ainda existe muita desinformação – leia-se: falta de conhecimento sobre as Evidências Científicas – em torno da Terapia de Reposição Hormonal ( TRH).

Isto acontece porque nos seus primórdios, há décadas atrás, a TRH se baseava em substâncias e esquemas rudimentares que foram relacionados ao aumento do risco de câncer. Esses resultados iniciais ficaram arraigados na mentalidade das pessoas e até na prática médica.

Mas a Medicina e os esquemas evoluíram! O emprego da TRH não só é seguro, como é recomendado para a maioria das mulheres. Escolha um médico atualizado e disposto a considerar a sua Qualidade de Vida e Bem-estar tão importantes quanto o manejo de doenças.

O tratamento do câncer ginecológico tem impacto significativo na qualidade de vida da mulher, pois frequentemente envolve a remoção de útero e ovários e pode precipitar a chegada do climatério. Isto pode acontenter em até um quarto das pacientes, considerando-se que  25% dos cânceres ginecológicos ocorrem em mulheres na pré e na perimenopausa.

Ao contrário do senso comum, que costuma associar a Terapia Hormonal (TH)  ao ‘inevitável’ aumento do risco de câncer ou recidivas de tumores, as evidências científicas atuais apontam para a segurança do uso de TRH em alguns cenários da Oncologia Ginecológica. Por isso, cada caso deve ser avaliado individualmente considerando histologia ou subtipo do tumor, doenças associadas, idade da paciente, dentre outros.

CÂNCER DE ENDOMÉTRIO

A Terapia Hormonal não é recomendada a mulheres com antecedentes de CÂNCER DE ENDOMÉTRIO  (nível de evidência: B), no entanto os dados são conflitantes : estudos retrospectivos e prospectivos não relataram efeitos prejudiciais da TH nas pacientes tratadas de câncer de endométrio em estádios iniciais  I e II (nível de evidência: B).

O uso de estrogênio isolado aumenta o risco de hiperplasia endometrial e câncer de endométrio, sendo dose e tempo-dependentes (nível de evidência: A).

Terapia Hormonal (TH) combinada (estrogênio + progestagênio) contínua diminui o risco de câncer de endométrio e TH combinada sequencial não aumenta esse risco (nível de evidência: A). 

Não está claro o efeito da tibolona sobre o risco de câncer de endométrio (nível de evidência: B). 

CÂNCER DE OVÁRIO

O uso de Terapia Hormonal (TH)  pós-tratamento de câncer de ovário não é contraindicado (nível de evidência: B), exceto para o subtipo endometrióide (nível de evidência: D)

O risco de câncer de ovário associado ao uso de terapia hormonal é pequeno, com incidência de dois casos extras em 10.000 usuárias acima de cinco anos de uso para os subtipos histológicos seroso e endometrióide (nível de evidência: B). 

CÂNCER DE COLO DE ÚTERO

A Terapia Hormonal (TH) não tem impacto sobre a incidência de câncer de colo uterino do tipo escamoso (nível de evidência: A

A TH pode ser empregada em mulheres tratadas de câncer de colo uterino escamoso (nível de evidência: B).

@dracintiabatista