A ultrassonografia pélvica ginecológica deve ser solicitada de rotina como exame de rastreamento do Câncer em mulheres?

Por: Cintia Batista em 02/03/2024 Ginecologia Oncológica

Sem dúvida um dos maiores “mitos” correntes no consultório e na prática da Ginecologia Oncológica é de que o ultrassom transvaginal (USTV) é um exame de rotina que deve ser feito anualmente para reduzir o risco ou dar diagnóstico precoce de câncer do trato ginecológico. As pacientes, inclusive, solicitam ativamente a realização do USTV e algumas até acreditam que este exame é equivalente ( ou melhor!) do que o exame preventivo ou papanicolaou no que se refere à prevenção do câncer feminino.

Seria você uma destas mulheres, que superestima o papel da ultrassonografia transvaginal no rastreio e detecção do câncer ginecológico ?

A grande verdade é que não existem evidências científicas que justifiquem o rastreamento do câncer de ovário e do câncer de endométrio em mulheres que apresentam risco habitual para essas neoplasias.

De fato, solicitação de ultrassonografia pélvica para mulheres com esse perfil de risco e que NÃO apresentam sinais e sintomas sugestivos de doenças ovarianas ou uterinas não demonstra boa relação custo-benefício.

Outro aspecto negativo que merece ser ressaltado é que muitas pacientes se submetem à ultrassonografia transvaginal, solicitada por médicos generalistas e de outras especialidades, e uma vez tendo o resultado normal,  acreditam que o seu rastreio de tumores ginecológicos está “feito”, e acabam omitindo e não realizado o exame físico ginecológico e coleta de colpocitológico para exame preventivo do colo do útero, que é comprovadamente o único método de rastreio eficaz para o câncer de colo uterino, bem como suas formas precursoras induzidas pelo HPV.

Além disso, o emprego da ultrassonografia sem uma avaliação clínica criteriosa e correlação com risco e sintomas aumenta substancialmente o  o número de falso-positivos nos exames, o que pode culminar com mais exames desnecessários, procedimentos,  cirurgias e possíveis complicações associadas em mulheres que não apresentam câncer. Isto realmente acontece na prática, uma vez que as pacientes tendem a focar excessivamente em achados benignos como miomas assintomáticos e cistos funcionais dos ovários, debruçando-se com preocupação sobre eles como se fossem fatores de risco para câncer ou problemas graves no futuro.

A ciência comprova, entretanto, que os reais FATORES DE RISCO para doença e morte, não apenas por câncer ginecológico como também por causas cardiovasculares são : o sobrepeso, sedentarismo, dieta inadequada, sexo desprotegido, dentre outros resultados de hábitos e atitudes que, obviamente, não saem impressos em laudo timbrado oficial e que raramente são comunicados pela paciente como fonte de preocupação.

Minha recomendação portanto é a realização de exames com critério e indicação, evitando falsos positivos e liberando o tempo e a energia da paciente para o que verdadeiramente fará a diferença na redução de risco de câncer

Lembrando que isto NÃO SE APLICA  a mulheres com sintomas tais como:

  • sangramento uterino anormal em idade fértil
  • sangramento vaginal na pós-menopausa
  • desconforto abdominal
  • surgimento de massas ou tumorações na pelve

Se você apresentar sinais ou sintomas como estes, entenda que a ultrassonografia pélvica transvaginal é  o exame complementar inicial de escolha para avaliar doenças uterinas e ovarianas.

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@dracintiabatista